terça-feira, 4 de outubro de 2016

Bob Fernandes e os absurdos da "justiça" na época de justiceiros fascistas: O caso Carandiru e seu julgamento anulado





Anuladas as penas contra 74 PMs que, há 24 anos, chacinaram 111 presos no Carandiru. Penas que somavam 20.876 anos.

O juiz-relator, Ivo Sartori, opinou: “Não houve massacre, houve legítima defesa”.

Foram mais de 600 tiros contra 111 presos. Muitos nas costas e na nuca.


Anistia Internacional, Humans Rigths Watch, Conectas...Brasil e mundo afora entidades de Direitos Humanos bateram...

...“Impunidade”, “chocante”, “violação”, “massacre covarde”, “desumano e cruel”, “sistema falido”...

Num Tempo em que a Justiça parece poder tudo, quando quer tem o Poder até para nada fazer.

Milhões de brasileiros são prisioneiros daquelas Horas do Terror. Abduzidos pelo espetáculo de sangue que comanda programas de rádio e TV.

Perfeito para faturar, para retroalimentar a violência que está nas ruas.

Perfeito para quem anuncia, com orgulho e debaixo de aplausos, muitas vezes à cata de votos, ser atirador, um matador.

Repete-se o macabro clichê, como se fossem urubus: “Bandido bom é bandido morto”. Quando ouvem falar em direitos humanos, que desvirtuam o que é, cobram:

-E se fosse seu filho, sua mãe, seu irmão?

Têm razão. Salvo psicopatas, sociopatas, ninguém quer perder ninguém, muito menos os próximos. Mas devolva-se a pergunta.

O Brasil tem 630 mil presos amontoados em cadeias e presídios superlotados – 40% deles são provisórios, sem julgamento e culpa formada. E tem chacinas.

E se fosse sua filha, seu pai, sua irmã?

Indiferença e silêncio diante da maioria das chacinas Brasil adentro. Salvo quando muito chocante. Ou, quando um “dos nossos”.

Não se bate uma panela pelos quase 60 mil homicídios/ano. Pelo 1,5 milhão de assassinados em 35 anos.

Mas, quando tanto parece caminhar rumo à barbárie, à escuridão, a arte ilumina, alerta.

Sobre o Carandiru, com composição de Gil, Caetano Veloso já disse tudo:

-(...) E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina

111 presos indefesos

Mas presos são quase todos pretos

Ou quase pretos

Ou quase brancos quase pretos de tão pobres

E pobres são como podres

E todos sabem como se tratam os pretos

(...) O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui.

Não é, mas poderia, pode ser.

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