quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Bob Fernandes, Joaquim de Carvalho e Fernando Brito, sobre o "espetáculo porco" de Joesley & Cia, e de Janot-Moro-Globo




"Espetáculo porco, esse de Joesley & Cia. Uma história de criminosos arrogantes. De cafajestes, como se ouve nas gravações. . Espetáculo triste quando se percebe, no caso, a extensão da atuação de procuradores da República.  E o que isso, ainda que estejam evitando o óbvio, expõe na fundamental Operação Lava Jato.  Delação com vazamento para manchetes instiga mais delações e vazamentos. E mais manchetes. Estes têm sido pilares na Lava Jato." - Bob Fernandes





I - Bob Fernandes: Palocci entrega Lula, Janot entrega manchetes. E o Espetáculo Porco de Joesley & Cia

 Espetáculo porco, esse de Joesley & Cia. Uma história de criminosos arrogantes. De cafajestes, como se ouve nas gravações.

 Espetáculo triste quando se percebe, no caso, a extensão da atuação de procuradores da República. . E o que isso, ainda que estejam evitando o óbvio, expõe na fundamental Operação Lava Jato. .

 Delação com vazamento para manchetes instiga mais delações e vazamentos. E mais manchetes. Estes têm sido pilares na Lava Jato. . O espetáculo da delação de Joesley reafirma uma lição: delação é caminho, mas não é prova. 

 Delatores mentem para se salvar. Obter provas e expor as mentiras é, ou deveria ser parte do processo de fazer justiça. E de educar. .

  No dia da exposição do espetáculo porco, outro espetáculo, decorrente. Com contagem ao vivo, "Geddel e seus inacreditáveis 51 milhões". . Espetáculo extremamente educativo. Educativo, também, por se ter a Polícia Federal na direção. 

 O que alguns dos principais atores dizem sobre outros atores principais? Isso também pode ser extremamente educativo. . Nesse show, Joesley diz que Temer é "ladrão". Temer diz que Joesley é "criminoso". Janot diz que Gilmar Mendes é "decrépito moral" com "desinteria verbal". 

  Gilmar diz que Janot é "delinquente" e "chantagista". E que o acordo com Joesley foi "tragédia" e "desastre". . O procurador Dallagnol, que não descarta vir a ser político, diz que "Moro prende e Gilmar solta". E Joesley diz: Janot sabia "de tudo". 

  Janot diz não ser corajoso e, sim, ter "medo de errar". O procurador-geral tem parceiros e saídas. Buscou não errar no dia da escancaração do seu gravíssimo erro. . Poderia ter sido feito nas vésperas, ou depois. Mas Janot conhece o show e os que o comandam. 

  E assim Janot forneceu a grande manchete. A que buscou fazer esquecer seu pior momento. Manchetes no dia em que tanto ficou exposto:    -Janot denuncia Lula e Dilma por organização criminosa. 
  Ha pouco, nesta quarta, novas e estrondosas manchetes: Janot denuncia Lula (de novo). E Palocci entrega Lula para o juiz Moro.


II - Joaquim de Carvalho: Como Janot Salvou Temer




Jornalista Joaquim de Carvalho explica por que o procurador-geral da República desmoralizou uma investigação em que ele vinha demonstrando grande empenho.

Fonte: Canal do Diário do Centro do Mundo


III- Fernando Brito: Pacto de Sangue? Menos teatro, Palocci


Não creio que cometeria nenhum erro factual quem descrevesse assim o depoimento de Antonio Palocci a Sérgio Moro:
Depois de um ano preso por Sérgio Moro e de ter feito vários depoimentos em que negava as versões de que teria havido um acerto financeiro entre ele ou Lula e a Odebrecht, o ex-ministro Antonio Palocci mudou sua versão e disse que Emílio Odebrecht e Lula teriam feito um “pacto de sangue” para que a empreiteira disponibilizasse R$ 300 milhões ao ex-presidente. Emílio Odebrecht, tanto no acordo de delação premiada firmado pelos executivos da empresa com a PGR quanto no acordo de leniência da Odebrecht, havia negado que tivessem ocorrido acertos financeiros entre ele e Lula, contrariando a versão de seu filho, Marcelo, que ontem apresentou narrativa semelhante à de Palocci, sem os tais R$ 300 milhões. O ex-ministro da Fazenda nega ter negociado ajuda a Lula ou ao PT e disse que foi só  “mandado apanhar o dinheiro”.
É o resumo da ópera, porque, até agora, não apareceu – nem mesmo com Palocci – qualquer documento que sustente a história. O que há, de fato, é um acordo de delação de Palocci para conseguir a redução ou anulação de penas que Moro lhe aplicou por crimes que jamais foram admitidos por ele.
O nome correto do que está acontecendo não é delação, é capitulação. Algo que um lado, percebendo que não pode resistir às forças adversárias, desiste, deixa de se defender e se entrega.
Para que isso seja usado como instrumento de convencimento e marketing, porém não pode ser apresentado como uma derrota. Ele sabia que teria de ser convincente, porque seu acordo de delação depende dos promotores e de Moro, não está assinado.
Palocci está na posição de pedinte e é por isso que se viu o desempenho de um papel. Não havia emoção, não havia o constrangimento de quem confessa uma verdade envergonhante, havia expressões e “confissões” sobre fatos que nem sequer haviam sido mencionados e incursões, até, sobre a vida doméstica de Lula, como quando diz que o ex-presidente pediu sua ajuda para “convencer” a falecida Marisa Letícia a “desistir” do suposto prédio do Instituto Lula.
Fez o seu teatro, à procura de acertos nas coxias. Óbvios e, até certo ponto, compreensíveis e humanos. Embora nem tão perdoáveis para quem, com os que agora acusa, amealhou poder e oportunidades.
Nada, porém, foi mais ridículo do que o “pacto de sangue”, expressão que levou anotada para produzir as manchetes. Pacto de sangue? Quem ia suicidar-se em solidariedade ao  outro? Ele, vê-se, não era, muito menos é crível que Emílio Odebrecht o fosse.
O pacto de sangue mais provável nesta história toda é que o velho Emílio desdiga o que disse sob juramento e remende suas declarações, para que fiquem de acordo com as do filho e, agora, as de Palocci.

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