domingo, 8 de outubro de 2017

A série norte-americana "The Handmaid's Tale" faz uma séria crítica ao movimento neofascista travestido de moralismo religioso na política. Um observação importante para o Brasil pós-golpe de 2016...


The Handmaid's Tale (1ª Temporada) - Poster / Capa / Cartaz - Oficial 1

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

  Nos últimos anos, vemos coisas contraditórias emergirem simultanemente: o avanço de uma direita aultra-conservadora, com traços profundamente fascistóides se aplastra pelo mundo com o incentivo do 1% mais rico do planeta, ao mesmo tempo em que vertentes artísticas e intelectuais (aliás, cada vez mais perseguidas pelos "Moralistas" de fachada ligados ao pensamento fascistóide) começam a apresentar trabalhos de grande profunidade nesta questão. É assim que vemos surgirem séries como "Black Mirror" da Netflix, ou "Mr. Robot", da USA Network, documentários como "O Invasor Americano", de Michael Moore, filmes como "Edward Snowden" de Oliver Stone e, mais recentemente, a série brasileira (alipas, muito boa) "3%", também na Netflix. Mas vamos nos ater em uma que estreou recentemente nos Estados Unidos e que ganhou o Emmy de Melhor Série Dramática:  The Handmaid's Tale (em tradução livre, algo como A História da Aia).

  Em The Handmaid's Tale, que é baseada no livro homônimo de Margaret Atwood (publicado no Brasil como O Conto da Aia),  é apresentado um futuro Distópico, mas não distante de nós, em especial, de nós aqui no Brasil, a velha República da Casa Grande bananeira intolerante com a Democracia e sempre disposta a golpear se as escolhas populares atingem um patamar contrário aos seus interesses. A série conta a história de uma moça que, como outras, perdem sua humanidade, sua indentidade civil, em uma sociedade patriarcal, teocrática e reacionária, que emerge nos EUA após um atentado (pelo visto, planejado por golpistas) contra o presidente americano. Após este atentando, um grupo minoritário, mas altamente articulado de fundamentalistas religiosos, usando de um discurso moralistas mas que encobre padrões fascistas, consegue dividir a nação e criar um estado teocrática denominado República de Gilead, que se fecha em si e possui todos os traços de um Estado Totalitário onde, apesar de se dizerem cristãos, a "constituição" é toda baseada no Velho Testamento e, com isto, imposto uma vigilância altamente patriarcalista e misógina, além de extremamente conservadora, intolerante a críticas, pondo fim a direitos sociais, perseguindo minorias e impedindo o debate, o contraditório e, com a perseguição aos professores, universidades e a estudantes criativos, o pensamento livre (algo, enfim, muito parecido com o que vivemos em nosso país de dois anos para cá).. O foco da história é posta em uma jovem chamada "Offred", que não é exatamente seu nome, mas um rótulo: ela é identificada como pertencente a "Fred", um lider religioso e comandante de Gilead, e não se espera dela outra coisa que não seja servir de procriar (o uso de agrotóxicos, comida trangênica e remédios casou uma série de mutações na população, entre elas, a incapacidade reprodutiva na maioria das mulheres). Contudo, este padrão e a submissão esperada acabam por não sairem como os moralistas e governantes esperavam... E vemos, na série - por vezes de modo bastante duro e cruel - a que ponto pode chegar a mentalidade fascista de uma elite conservadora...

  Esta é uma série atual e, apesar de dura e chocante, necessária... Será que os atuais dententores do poder e sua guarda pretoriana, que vai da Globo ao MBL, permitiram que ela passasse amplamente no Brasil?


James Poniewozik, do The New York Times, disse:
“‘The Handmaid’s Tale’ é um alerta, uma história de resistência e sua construção de universo é impecável. É rigorosa, vital e muito assustadora. (…) Eu odeio dizer que essa trama é relevante atualmente, como se não fosse assim há três décadas. Mas vamos encarar: quando se tem um presidente que fala sobre mulheres como se elas fossem brinquedos, que deu a entender que uma jornalista durona estava menstruada, cujo governo juntou uma sala cheia de políticos homens para discutir a saúde das mulheres – bem, o marketing viral acontece por conta própria. Você pode não acreditar que alguém na vida real esteja tentando fazer como que os Estados Unidos se transformem em Gilead. Mas ‘The Handmaid’s Tale’ não é sobre uma profecia. É sobre um processo, sobre a maneira com que as pessoas se forçam a acreditar que o anormal é normal, até que um dia elas olhem ao redor e percebam que esses são os antigos dias ruins.”

Ficha Técnica:

Estreía Mundial: abril de 2017 - I Temporada
Produção: Canalo de streaming Hulu

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