terça-feira, 14 de novembro de 2017

Do Jurista e professor da Uerj, Dr. Afranio Silva Jardim: "A perversidade da Mídia e a Sociedade Ingênua refém do Poder Econômico"


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  "A grande imprensa, além de (de) formar a opinião pública, depois passa a dar publicidade daquilo que lhe interessa, dizendo falsamente, por vezes, qual seria a opinião pública, criando um verdadeiro círculo vicioso. Desta forma, sem qualquer pesquisa séria, esta mídia nos diz “como pensamos”, segundo seu desejo."



Dos sites Empório do DireitoJusbrasil:


Se aprofundarmos a nossa reflexão, vamos constatar algo bastante perverso e preocupante em nossa atual sociedade.
A grande imprensa, além de (de) formar a opinião pública, depois passa a dar publicidade daquilo que lhe interessa, dizendo falsamente, por vezes, qual seria a opinião pública, criando um verdadeiro círculo vicioso. Desta forma, sem qualquer pesquisa séria, esta mídia nos diz “como pensamos”, segundo seu desejo.
Em outras palavras, a mídia nos diz como devemos pensar e depois nos diz, cinicamente, como pensamos (ou melhor, como ela quer nos fazer acreditar de como pensamos).
Vale dizer, se não “pegar” em um primeiro momento, vai “pegar” no segundo. Ficamos acreditando que este é o pensamento prevalente. Como diz o povo, “está tudo dominado”.
Desta forma, ficam acuados os poderes da república, inclusive o Poder Judiciário.
Através desta ardilosa estratégia, a população acaba absorvendo a ideologia dos grandes grupos econômicos, que se fazem presentes na grande imprensa e “sequestraram” a nossa frágil democracia.
Consciência crítica não interessa a quem tem o poder social. Eles precisam de consciências ingênuas que acreditam em tudo o que veem na perniciosa “telinha da televisão”. Por isso, alguns trabalhadores estão favoráveis às reformas trabalhista e da previdência social, sem notar o quanto vão perder em termos de bem estar social.
Trata-se do conhecido fenômeno de o dominado assimilar a ideologia do dominante.
Para distrair o povo e lhe tirar a consciência de sua triste realidade, a televisão privilegia a ficção, através de infindável série de novelas, todas trazendo “valores” que fazem as pessoas cultuar atores e “famosos”. Os pobres não sabem porque são pobres, apenas querem ficar ricos …
Uma primeira constatação pode ser explicitada: ou se faz alguma coisa, pelo menos, a médio prazo, ou vamos ter uma sociedade de idiotas, por várias gerações ainda.
Entretanto, vale a pena retomar estas questões e melhor explicar este poder perverso da grande imprensa.
Na sociedade moderna, o poder da chamada “grande imprensa” é quase ilimitado. Ela “pauta” a atividade dos poderes constituídos do Estado.
Se bem observarmos, vamos constatar o seguinte círculo vicioso perverso:
1) A mídia procura (de) formar a opinião pública, segundo os interesses econômicos e ideológicos das empresas que a sustentam. Ela mesmo é formada por grupos econômicos.
2) Ato seguinte, qualquer que seja o verdadeiro resultado de sua atividade reiterada, ela faz propaganda daquilo que lhe interessa ser a opinião pública, tenha ou não alcançado a sua finalidade inicial.
Assim, a mídia “determina”, o que a “sociedade quer ou pensa”, seja verdade ou não. Sem qualquer pesquisa técnica.
3) A partir daí, a grande imprensa passa a fazer propaganda do que é “desejado” pela população, criando constrangimentos para os três poderes da república. Vale dizer, ela divulga a qual seria a opinião pública, segundo lhe interessa, sendo verdade ou não. Assim, esta falsa opinião pública passa a ser verdade …
Só há democracia real com pluralismos, em todas as áreas de nossa sociedade. Sem pluralismo na mídia, dela estamos todos “reféns”.
Gerações inteiras estão sendo “manipuladas” pelo poder econômico. Estou me referindo à democracia política, pois democracias econômica e social têm outros pressupostos.
Desta forma, financiando as campanhas eleitorais (o que era permitido) e, por conseguinte, refletindo os seus interesses no Poder Legislativo e no Poder Executivo, o grande capital, nacional e estrangeiro, penetra nos “intestinos” do Estado brasileiro e orienta ou determina as suas políticas públicas. Assim, os governos liberais são a expressão política da classe econômica dominante.
Por outro lado, o poder econômico, retratado pelos grandes meios de comunicação de massa, conforme acima explicitado, influencia na formação da opinião pública e, indiretamente, acaba por acuar ou constranger grande parte do nosso Poder Judiciário.
Mesmo aqueles poucos magistrados que, ideologicamente, não são favoráveis a este modelo de sociedade liberal, acabam tendo muitas dificuldades para decidir de forma contramajoritária. Por vezes, sofrem constantes e descabidas críticas da grande mídia e da “população despreparadas e raivosa”, havendo casos de hostilidades contundentes até contra seus familiares.
Por tudo isso, entendemos que o nosso “cenário social” é bastante sombrio, pois estamos “cercados por todos os lados”. Caímos em uma perversa cilada e estamos “dominados” pelos grandes interesses econômicos nacionais e estrangeiros, que agora se utilizam da tecnologia para nos “alienar” ainda mais, mormente alienar as crianças e os adolescentes, que são “presas” fáceis dos “games” e filmes meramente comerciais.
Lamentavelmente, hoje é comum ver verdadeiros “robôs ou zumbis”, caminhando pelas ruas e shoppings, com telefones celulares nas mãos, alimentando seu novo vício e realimentando suas ansiedades.
Agora, mais do que nunca, com ajuda da grande imprensa, o poder econômico modela e formata a nossa sociedade, determinando nossos hábitos e comportamentos, nos impondo o que vamos ver, ouvir, gostar e consumir compulsivamente.
Produzir e consumir, eis o nosso “modelo de felicidade” …
Não demorará muito tempo para nos tornarmos uma sociedade de “marionetes”, de serem “idiotizados”.
O pior de tudo é que não vemos saída para este tenebroso futuro senão através de drástica ruptura com este destrutivo modelo de sociedade, através de drástica ruptura com esta estrutura econômica e política hegemônica, de forma a que possamos ter, efetivamente, uma nova cultura e um novo homem, culto e crítico, inserido em uma sociedade generosa, democrática e fraterna.
Afranio Silva Jardim

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